Autor: Camila Bortolozzo
Quando criança você ouvia falar em brinquedos sem gênero? Aposto que a maioria de nós tivemos quando crianças brincadeiras de meninos e meninas, não é mesmo? Por muito tempo as pessoas tiveram essa impressão de que os brinquedos deveriam ser divididos pelo sexo, assim como a cor das suas roupas ou o tipo de esporte que fazem.
Pois bem, os tempos têm mudado e estamos cada vez mais conscientes de que a estereotipação das brincadeiras não cabem na nossa sociedade. Grandes reflexos dessas vivências na infância acabam se tornando tabus na vida adulta.
Os brinquedos sem gênero já chegaram ao mercado. Na Europa esse conceito existe há um bom tempo e no Brasil, aos poucos, incluímos no nosso mercado para crianças.
Barbie sem gênero
Posso exemplificar para você um clássico, a Barbie. Passamos uma infância toda acostumados com a boneca que tinha um corpo simétrico, magro e cabelos loiros e lisos. Porém, em 2019, a linha de bonecas mais famosa do mundo lançou as Barbies não binárias. Nessa nova edição o corpo assume uma nova forma e a criança pode decidir se deixa com cabelos curtos ou longos, se será menino, menina ou simplesmente sem nenhum gênero definido.
Marcas que aderem aos brinquedos sem gênero
Como comentei anteriormente, na Europa essa reestruturação nas brincadeiras já vem acontecendo há um tempo. A marca TOP-TOY, do norte da Europa, buscou trazer em todos os seus brinquedos cores neutras ou uma paleta que não se limita apenas ao rosa ou azul, nas caixas tem meninos e meninas estampados independente de qual seja o brinquedo.
No Brasil, também já temos empresas que produzem esses brinquedos sem gênero. Um projeto que existe desde 2011, mas só começou a ser executado em 2014, surgiu devido a grande procura por esse novo mercado e a percursora desse modelo de negócio é a Xalingo . Mesmo sendo tradicional e existindo há 70 anos, arriscou-se a criar esse nicho e atualmente 10% da representatividade de seu lucro é com estes brinquedos unissex. Acho que estamos andando a caminho de mudanças, não é mesmo?
O proprietário da Xalingo em uma entrevista para a Gaz Gazeta Online , ressalta a importância dessas mudanças não só na decisão da criança fazer a escolha do que gosta de brincar, mas também, na melhora do ciclo do brinquedo, já que pode ser destinada a qualquer criança, independente do gênero.
A mudança nesse mercado que durante anos ficou engessado é essencial. Toda criança precisa ter o poder de escolha em relação ao que quer brincar e isso possibilita uma imensidade de experiências, expansão da imaginação e também a saber lidar melhor com todas as atividades da casa. Digo isso porque, já passou da hora de ser apenas brinquedo de menina as cozinhas, ganhar uma vassourinha no natal ou de que há a possibilidade apenas para meninos serem motoristas de carros de corrida ou engenheiros. É por essas e outras que devemos refletir como é essencial essa conexão com diferentes experiências para a construção de conceitos na vida adulta.
Escolas que utilizam os brinquedos sem gênero também cooperam para o melhor desenvolvimento de conceitos. Algumas delas já adotam essa maneira de brincar e, como mostra a reportagem do Fantástico exibida na Rede Globo, a interpretação da criança diante de uma fantasia pode ser totalmente reinventada na imaginação, assim como as brincadeiras e até esportes – como o menino de 9 anos que é apaixonado por dançar balé e ao invés de se sentir fragilizado com isso, se sente mais forte! Dá uma olhada:
O mundo atual tem tantas coisas boas e a liberdade é uma das nossas maiores conquistas. É essencial que a gente possa ter a consciência de que a criança vai fazer sua escolha sexual independente das suas brincadeiras e cor da roupa, e o mais importante, que as brincadeiras sem gênero são essenciais para a desconstrução do machismo.
4 Comentários
Acho muito importante que criança tenha brinquedos sem gênero, para que aprenda a lidar e a respeitar a diversidade. No futuro, crianças que não aprenderem isto desde cedo é que vão sofrer bulling na escola.
Parabéns pelo texto, de excelente qualidade.
Olá, concordo com sua opinião Léia.
Beijinhos
Ótimo texto para refletirmos a importância dos brinquedos sem gênero! Que as crianças estejam cada vez mais livres para serem o que quiserem ser!
Brincar é para todos !
Bem isto Marina, tomara que nosso filhos sejam felizes nas suas escolhas e que nunca sofram nenhum tipo de preconceito.
Beijinhos e boa semana