Autor: Camila Bortolozo
Quando pensamos na criação dos nossos filhos, temos que pensar também como criar adultos justos e conscientes. O assunto de hoje ainda precisa ser discutido, o racismo na infância.
Como pessoas brancas e privilegiadas podem fazer a sua parte? É importante lembrarmos que o racismo não nasce com ninguém, ele é estruturado pela sociedade – de certa forma centenariamente – e os pais tem muito responsabilidade em evitar que o racismo na infância aconteça, pois ele começa dentro de casa.
Ouvir a voz de mães e pais negros é muito importante, só assim a gente entende quanto o preconceito ainda é latente, quanto ser negro é difícil. Então acredito que o primeiro passo para que o racismo na infância seja evitado, são os pais tentando entender como é ser preto dentro da sociedade, por mais que a gente de fato nunca consiga sentir como é de verdade.
Em uma entrevista dada para a Revista Crescer, Paula Batista, fundadora do projeto “Criando Crianças Pretas” menciona que percebeu que sua filha estava sofrendo racismo na escola quando sua filha começou a querer mudar o seu cabelo.
No programa da GNT “Saia Justa”, desta quarta-feira (29/07), esse assunto também foi pauta – e acidentalmente eu já pensava em falar sobre isso por aqui – a cantora Gabi Amarantos e a apresentadora Astrid falaram como é ter um filho negro, ainda mais dentro de uma sociedade em sua maioria branca e elitizada, mencionaram que seus uniformes precisam estar mais bem passados que de outros alunos, o cabelo sempre bem arrumado e muito cheirosos.
Acredito que quando olhamos com essa visão, o mínimo que resta é a empatia e pensar “eu não quero que você tenha que fazer mais para ser considerado igual”, afinal, nós somos da mesma matéria.
A UNICEF já criou uma campanha chamada “Por uma infância sem racismo” que nos mostra como podemos evitar que o racismo na infância aconteça, e aqui, eles mencionam não só o negro, mas também os indígenas e asiáticos. Dá uma olhada no vídeo que é bem didático e com dicas simples.
Atitudes que na prática tem muito valor para combater o racismo na infância:
Você precisa conversar com seu filho antes que esse assunto seja levado para dentro de casa já se estruturando como racismo. Muitas vezes, por mais que de boa vontade, o discurso “somos todos iguais” não funciona. É necessário falar que existe sim outras cores e outras culturas e que todos precisamos saber respeitar as diferenças.
Inclua nas brincadeiras a diversidade, você deve dar ao seu filho bonecas de diferentes estereótipos, não só a Barbie ou bebê da Estrela loiro de olhos azuis. Além disso, mostrar dentro das brincadeiras que tanto o branco, quanto o preto, podem assumir o papel de profissões como médicas, professoras, etc. Deixar evidente que não existe hierarquia por causa da cor da pele é muito importante! Cada um pode ser o que quiser.
Outro fator importante para se evitar o racismo na infância é incluir no entretenimento artistas negros, livros que contam histórias sobre outras culturas e até mesmo desenhos animados em que o super herói não seja apenas como o Super Homem. Separei aqui, uma publicação do site Canguru News em que são dadas 5 dicas de livros que ajudam a explicar o racismo para crianças, vale a pena conferir.
Para que você entenda um pouco sobre incluir a negritude na educação da criança, separei este trecho do Roda Viva, exibido na TV Cultura, com o Rapper Emicida, que escreveu um livro infantil dentro deste contexto, se chama “Amoras”, livro que também tá na listinha que passei acima.
Estimular a vivencia com diferentes etnias é também fator importante, isso faz com que seu filho se sinta familiarizado com as diferenças. Essa diversidade pode estar na escola, dentro de casa ou em qualquer outro espaço.
Podemos dizer que a escola é um importante veículo de informação e ela deve ter em sua grade incluso a história e a cultura dos diferentes povos. Caso não tenha muita ênfase no assunto, você pode cooperar alertando a escola sobre a importância de trazer esses assuntos para sala de aula.
Cuidado com o que diz, muitas vezes piadas e comentários são puramente racistas. Você precisa se policiar e parar para pensar se a sua postura também não tem o preconceito enraizado e começar a mudar.
E por fim: se você souber de casos de racismo, não deixe passar batido! Denuncie! Se isso aconteceu na escola do seu filho, fale com os professores e responsáveis. Somos parte essencial dentro dessa luta.
Eu sonho com um mundo que um post como esse não seja mais necessário, que possamos ser conscientes e empáticos, pois como dito no vídeo da UNICEF “nenhuma vida importa menos”.